domingo, 20 de setembro de 2015

Rio Carioca, corpo hídrico ou canal de esgoto?

 O Rio Carioca surge de uma nascente - semelhante à que abastece o cano na imagem das Paineiras, ao lado - na Floresta da Tijuca. A floresta, vale lembrar, foi plantada a mando do Imperador Pedro II como forma de preservar os mananciais de água que estavam ameaçados pelo desflorestamento. O Parque Nacional da Tijuca, que abriga a floresta, é atualmente administrado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - ICMBio, a quem se precisa pedir autorização para chegar até as nascentes do rio.


As águas do Rio Carioca passam por comunidades, como a de Guararapes e Cerro Corá. Quando chega ao Largo do Boticário (foto ao lado), ainda é possível ver o rio a céu aberto. Logo abaixo, onde fazem ponto final os ônibus que chegam ao Cosme Velho, o rio é canalizado. Na placa da Prefeitura consta que o rio tem 4 km, o que significa que o trajeto sinuoso do rio foi retificado e, dos 7 km de trajeto original, sobram 4 km de canal de esgoto.
Quando chega à Estação de Tratamento de Efluentes, o que se vê é uma grossa camada de lama e o rio parece sólido. A passagem por vários equipamentos tenta diluir novamente a água e torná-la mais limpa.
 Antes de desaguar na Praia do Flamengo, a lama do rio precisa ser tratada ou dissolvida. É o que fazem os equipamentos e produtos utilizados pela estação. Logo após passar pela estação, o rio novamente é coberto e sobre ele há um piso de madeira por onde os frequentadores da praia passam sem se darem conta - na maior parte das vezes - que há debaixo deles um rio fluindo.
Há várias tentativas de explicação para o termo que dá nome a quem nasce no Rio de Janeiro e também ao seu mais famoso rio. Uma delas diz que os índios tamoyo, que habitavam aquelas terras quando os portugueses chegaram, viram uma semelhança entre os navegantes com armadura e o casco de um conhecido peixe, o "cari". Assim que os portugueses construíram uma instalação perto da praia, na foz do rio, o lugar ficou conhecido como "cari-oca", ou "casa-do-homem-branco". A maior ironia talvez seja o fato de uma cidade que tem "rio" no próprio nome tratar tão mal os seus rios

O texto a seguir foi extraído do site do Instituto Baía de Guanabara e está disponível em:

http://baiadeguanabara.org.br/site/?page_id=4758 :


“Receptáculo de imundícies, vivenda de micróbios, espelunca de ratazanas, vala nojenta de esboroadas margens, patenteando em tudo a desídia dos ingratos filhos, a quem deste o nome.” 
O texto está em Antiqualhas e Memórias do Rio de Janeiro, de Vieira Fazenda, e data dos primeiros anos do século 20. O Carioca foi relegado ao subsolo por Pereira Passos.

 

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