segunda-feira, 8 de agosto de 2016

O Dia da Sobrecarga da Terra: palestra sobre consumo sustentável de André Trigueiro no Museu do Amanhã



Em palestra pelo Dia da Sobrecarga da Terra, o jornalista  e ambientalista André Trigueiro criticou a organização dos Jogos Olímpicos por não ter calculado  o custo ambiental ou a Pegada Ecológica do evento.

Hoje foi o Dia da Sobrecarga da Terra (Overshoot Day, em inglês). Para explicar o termo e falar sobre o tema, o jornalista e ambientalista André Trigueiro fez a palestra – Consumo Sustentável, uma questão de sobrevivência – para um grupo de 50 pessoas na tarde desta segunda-feira, no Observatório do Amanhã, um mini-auditório do Museu do Amanhã, na Praça Mauá.

A expressão “Sobrecarga da Terra” refere-se à quantidade de recursos que são consumidos no Planeta durante o ano. Para que a situação fosse sustentável, seria necessário que os recursos durassem até o ultimo dia de dezembro, mas eles chegaram ao fim hoje. Em outras palavras, é como se a humanidade dispusesse de, por exemplo, X toneladas de alimentos para consumir até 31 de dezembro de 2016 e constatasse hoje que a dispensa está vazia. Ou seja, de amanhã em diante, estará havendo sobrecarga.

O cálculo é feito com base na metodologia que calcula a Pegada Ecológica. Criada pela Global Footprint Network ela propõe um longo questionário que abastece um software. As perguntas são sobre o que cada um come todos os dias, como se locomove e o que possui, entre outras coisas. Com as respostas fornecidas é calculado o tanto de hectares do planeta necessários para abastecer a demanda de um indivíduo, de uma família, de uma cidade, um país ou de toda a humanidade.
Segundo André Trigueiro, o IBOPE e o WWF fizeram uma pesquisa sobre a pegada ecológica dos brasileiros em 2008. A constatação foi que para atender de maneira sustentável a demanda por consumo das classes A e B, seriam necessários três planetas Terra. Trigueiro acredita que o problema não é o consumo em si, mas o consumismo. Ele acrescenta que faltam informações às pessoas que se entregam ao exagero do consumo, pois elas não sabem que a voracidade delas tem um preço pago pela natureza. Isto é, cada coisa que elas compram corresponde a um pedaço retirado dos recursos naturais disponíveis.

O ambientalista aproveitou para criticar a organização dos Jogos Olímpicos do Rio que, em momento algum, avaliou a Pegada Ecológica que um evento de tamanha proporção teria. O certo, diz ele, seria calcular a pegada e repor antecipadamente o que previsivelmente seria consumido.
A situação se agrava quando se leva em conta a condição da própria cidade do Rio, comparada a Tóquio, no Japão, devido à dependência de outras cidades. Conforme explica André Trigueiro, os alimentos vêm de fora, a água vem do Rio Guandu, que por sua vez é abastecido pelo Paraíba do Sul; o lixo é descartado em Seropédica, tudo isso só faz aumentar a Pegada Ecológica do Rio, dos cariocas e, em ocasiões como esta, dos milhares de visitantes da cidade que também querem consumir o que houver de melhor.

Numa demonstração de otimismo, o palestrante lembra que houve época em que as pessoas fumavam cigarros até dentro de aviões, assim como houve época em que as pessoas não limpavam o cocô de seus cachorros quando os levavam para passear e todo mundo quando ia ao supermercado fazia questão das sacolas de plástico. Hoje, tudo isso mudou, não por causa da lei ou de repressão, mas devido à consciência, aos valores introjetados, portanto à cultura. É sobre isso que André Trigueiro fala no video anexo.

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